2 de agosto de 2024 - Dicas

Vinhos naturais, biodinâmicos e orgânicos: o que são?

Vinhos naturais, biodinâmicos e orgânicos: o que são?

Vinhos naturais, biodinâmicos e orgânicos: o que são?

Vinhos naturais, biodinâmicos e orgânicos possuem muitas semelhanças, mas o que realmente traz as peculiaridades de cada um, são as diferenças. Feitos com a menor interferência humana possível, estes vinhos são especiais e trazem nuances exclusivas ao método de produção de cada um. 

Vamos descobrir mais sobre os vinhos naturais, vinhos biodinâmicos e os vinhos orgânicos? Continue a leitura, veja qual a diferença entre eles e descubra como escolher aquele que mais combina com você!

Vinhos orgânicos

Os vinhos orgânicos são produzidos com uvas cultivadas sem o uso de pesticidas, herbicidas, fungicidas ou fertilizantes químicos sintéticos, ou seja, são aqueles feitos sem auxílio “artificial” durante o cultivo e demais processos. 

Além disso, para que um vinho seja categorizado como orgânico ele precisa possuir um certificado com regulamentações específicas que variam de acordo com cada país. Essa certificação garante que tanto a viticultura quanto a vinificação sigam normas rígidas que promovem a sustentabilidade e a saúde ambiental.

Características

Os vinhos orgânicos possuem perfil aromático e sabor primários exuberantes. Isso porque a ausência de pesticidas e fertilizantes químicos permite que as uvas transmitam de forma primorosa as características do terroir, resultando em vinhos que refletem as condições específicas da região onde foram cultivadas. 

Esses vinhos também tendem a ter menos resíduos de sulfito, um conservante com efeito antioxidante e antibacteriano, pois não são adicionados em nenhuma etapa da produção, portanto sobram apenas os sulfitos naturais liberados pelas uvas na fermentação. Para quem tenha alergia à sulfitos, isso pode resultar em diminuição das dores de cabeça relacionadas ao consumo da bebida. 

Como é produzido o vinho orgânico?

No vinhedo, a produção de vinho orgânico já se inicia com a eliminação de aditivos sintéticos, como pesticidas e fertilizantes artificiais. Em vez disso, os viticultores utilizam métodos naturais para controlar pragas e doenças, como a introdução de predadores naturais e o uso de compostos orgânicos. 

A fertilização dos solos nos vinhedos orgânicos também é feita com compostos orgânicos, como esterco de animais, resíduos da própria uva e compostos vegetais, tudo bastante dimensionado de modo a enriquecer o solo sem o intoxicar. 

Já durante a fermentação, é comum o uso de leveduras nativas, que estão naturalmente presentes nas cascas das uvas, em vez de leveduras comerciais selecionadas. 

Durante o processo de envelhecimento, muitos produtores optam por barricas de carvalho ou ânforas de cerâmica, as quais permitem que o vinho amadureça naturalmente. 

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Vinhos biodinâmicos

A biodinâmica é uma prática sustentável que engloba o homem, a terra, a videira, animais, insetos e o cosmos.

Características

Os vinhos biodinâmicos são produzidos a partir de práticas agrícolas que tratam a vinha como um ecossistema interconectado. Este método promove a saúde do solo e das plantas como uma coisa só. E assim como os vinhos orgânicos, os vinhos biodinâmicos não levam aditivos sintéticos como fertilizantes e pesticidas artificiais. 

Uma das principais características dos vinhos biodinâmicos é a sua pureza e complexidade de sabores e aromas, que são atribuídas ao uso de preparações biodinâmicas e à observações ao calendário lunar e astrológico para guiar as práticas de cultivo e colheita. 

A raiz da biodinâmica: de onde surgiu?

A agricultura biodinâmica nasceu dos ensinamentos de Rudolf Steiner, um filósofo austríaco que, em 1924, pensou em uma série de princípios agrícolas em resposta à crescente industrialização da agricultura. 

Steiner propôs um método que combinaria práticas tradicionais da agricultura com uma visão holística, considerando o ambiente como um organismo completo e integrado. A biodinâmica usa práticas esotéricas, como a utilização de preparados feitos a partir de substâncias naturais, seguindo o calendário lunar.

O papel dos animais na biodinâmica

Segundo os ensinamentos de Steiner, os animais contribuem para a fertilidade do solo e a biodiversidade do ecossistema agrícola. A integração de animais como vacas, ovelhas e aves, permite a produção de compostos orgânicos de alta qualidade através de seus dejetos, sendo importantes para a fertilização natural dos vinhedos.

Além disso, os animais ajudam a controlar pragas e ervas daninhas de maneira natural, promovendo um ambiente mais saudável. A presença de animais na vinha também reforça o princípio biodinâmico de considerar a fazenda como um organismo autossustentável e interdependente.

O Ritual Biodinâmico na Vinha e na Adega

Na vinha, o ritual biodinâmico envolve a aplicação de preparados específicos, como o chifre de vaca preenchido com dejetos fermentados e o chifre de sílica, ambos usados para enriquecer o solo e estimular o crescimento saudável das videiras. 

Essas preparações são aplicadas em momentos determinados pelo calendário biodinâmico, que considera as fases da lua e as posições dos planetas. 

Até a maturação do vinho é conduzida respeitando os ciclos naturais e permitindo que o vinho desenvolva suas próprias qualidades.

Vinhos naturais

Características

Os vinhos naturais são parecidos com os vinhos orgânicos, e assim como eles, são produzidos com uma filosofia de mínima intervenção, tanto na viticultura quanto na vinificação. Ou seja, não há uso de pesticidas, herbicidas ou fertilizantes sintéticos. Na adega, a adição de produtos químicos também é evitada, assim como a adição de sulfitos, que é quase inexistente, ou realmente nula. Processos de filtragem e envelhecimento também não são utilizados. 

Como resultado, esses vinhos se tornam mais autênticos e puros. O sabor das uvas e do terroir ficam mais evidenciados, trazendo personalidade de uma safra para outra, ainda mais pela ausência de filtragem e clarificação. 

Como é o processo de elaboração do vinho natural?

Desde o cultivo das uvas até a fermentação e o engarrafamento, o objetivo é intervir o mínimo possível para permitir que as características naturais das uvas se expressem plenamente. 

Isso significa que não há filtragem e nem clarificação, assim como não há adição de insumos enológicos, sejam estes leveduras selecionadas ou taninos. A acidez também é preservada naturalmente, os sulfitos são raramente acrescentados, e quando há necessidade, é uma quantidade bem pequena. 

Cultivo

O cultivo das uvas para vinhos naturais é realizado sem o uso de produtos químicos sintéticos. Em vez disso, são utilizadas práticas agrícolas sustentáveis que promovem a saúde do solo e a biodiversidade do vinhedo. 

Isso inclui a compostagem ea utilização de coberturas vegetais para melhorar a estrutura e a fertilidade do solo.

Colheita

A colheita das uvas geralmente é realizada de forma manual, –  que não é restrita apenas à esse tipo de vinho – permitindo uma seleção maior dos cachos no ponto certo de maturação. Essa colheita minimiza os danos às uvas e também evita a contaminação por uvas de qualidade inferior ou por detritos. 

O momento da colheita é escolhido com base na maturidade fisiológica das uvas, considerando fatores como o teor de açúcar, a acidez e a maturação fenólica, assim como normalmente acontece para qualquer tipo de vinho a ser produzido. 

Fermentação

A fermentação do vinho natural ocorre de forma espontânea, utilizando as leveduras já presentes nas cascas das uvas. Esse processo de fermentação natural pode ser mais lento e menos previsível do que o que faz uso de leveduras comerciais, mas isso também contribui para a complexidade e a autenticidade do vinho. 

A temperatura é monitorada para assegurar que o processo ocorra de maneira controlada, preservando características próprias das uvas. Após a fermentação, o vinho é frequentemente deixado em contato com as borras por algum período, isso para desenvolver maior profundidade e complexidade.

Quando escolher um vinho orgânico?

Primeiramente, apesar dos avanços tecnológicos na agricultura, a possibilidade de produzir vinhos orgânicos não existe em todas as regiões do globo, mas sim naquelas com maior estabilidade climática, sobretudo no que tange ao índice pluviométrico (quanto mais seca a região, menos pragas e, portanto, mais fácil cultivar uvas orgânicas). 

As uvas utilizadas na produção de vinhos orgânicos são cultivadas sem o uso de produtos químicos sintéticos,  sendo mais saudáveis, pois isso significa uma menor exposição a substâncias potencialmente nocivas. A necessidade de uma certificação também garante maior qualidade, padronização e segurança na produção. 

Além dos benefícios para a saúde, os vinhos orgânicos também contribuem para a preservação do meio ambiente. As práticas agrícolas orgânicas promovem a saúde do solo e a biodiversidade, utilizando métodos que conservam a água, reduzem a erosão e melhoram a fertilidade do solo. O uso de compostos orgânicos e a rotação de culturas ajudam a manter um ecossistema agrícola equilibrado e sustentável, reduzindo o impacto ambiental e promovendo a regeneração natural dos recursos.

A melhor forma de acompanhar de perto o processo de produção de um vinho é fazer enoturismo. Para saber mais, leia Experiências sensoriais: uma jornada de enoturismo na Panceri.

Agricultura: a base de todos os vinhos

Desde os métodos de cultivo das uvas até a colheita e o manejo do solo, cada aspecto da agricultura vitícola influencia diretamente o caráter e a qualidade do vinho final.

A escolha do local, o manejo das videiras e o cuidado com o ambiente circundante são decisivos para determinar o potencial de qualidade das uvas. Vinhedos bem cuidados, com solo saudável e clima adequado, são capazes de produzir uvas com concentração ideal de açúcares, acidez equilibrada e compostos fenólicos que contribuem para a complexidade aromática e estrutura do vinho. 

Quais as diferenças entre vinho orgânico, biodinâmico e natural?

Cada um desses métodos possui características distintas que influenciam desde o cultivo das uvas até a vinificação e o produto final.

  • Vinho Orgânico – Os vinhos orgânicos são produzidos de acordo com normas rigorosas que regulamentam o cultivo das uvas sem pesticidas, fungicidas e nem nada do gênero. O objetivo é produzir vinhos que refletem as características naturais do terroir e que sejam mais saudáveis tanto para o consumidor quanto para o meio ambiente.
  • Vinho Biodinâmico – Inspirada nas ideias de Rudolf Steiner, a agricultura biodinâmica utiliza preparados naturais feitos a partir de plantas, minerais e esterco animal, que são aplicados de acordo com um calendário lunar e astrológico. O objetivo é fortalecer a saúde do solo e das plantas, promover a biodiversidade e aumentar a resiliência do vinhedo às condições climáticas. 
  • Vinho Natural – Os vinhos naturais são produzidos com uma abordagem de mínima intervenção, tanto no vinhedo quanto na vinícola. No cultivo das uvas, são evitados quaisquer produtos químicos sintéticos, seguindo princípios similares aos do vinho orgânico. A filtração e a clarificação são frequentemente evitadas, permitindo que o vinho mantenha sua integridade natural e desenvolva complexidade através de processos de fermentação e envelhecimento mais naturais.

E como escolher um rótulo?

Cada tipo de vinho – orgânico, natural e biodinâmico – segue uma filosofia única de produção que pode influenciar o sabor, a qualidade e o impacto ambiental do produto final, e o consumidor final deve se atentar em qual rótulo preenche seus próprios requisitos filosóficos e de qualidade. 

Os vinhos orgânicos são produzidos sem o uso de pesticidas sintéticos, herbicidas ou fertilizantes químicos, visando uma abordagem mais natural e saudável tanto para as uvas, quanto para o meio ambiente e para o consumidor. Além disso, possuem uma regulamentação maior, que exige mais cuidado e atenção aos princípios e padrões estabelecidos, assegurando a qualidade e rigidez sobre as normas.

Já os vinhos biodinâmicos incorporam princípios esotéricos e métodos de cultivo que consideram o vinhedo como um organismo vivo, utilizando preparados naturais e seguindo um calendário lunar e astrológico para promover a biodiversidade e a resiliência do solo. 

Os vinhos naturais, por sua vez, adotam uma abordagem de mínima intervenção, tanto no cultivo das uvas quanto na vinificação, evitando o uso de aditivos químicos e permitindo que o vinho se desenvolva de maneira mais autêntica e sem interferências.

Conclusão

Você sabia a diferença entre vinhos naturais, biodinâmicos e orgânicos? A melhor forma de saber qual é o ideal para você, é elencando  suas prioridades, filosofia de vida e preferências quanto ao sabor. 

Independente da sua escolha, procure sempre vinícolas de confiança, que possuem transparência em seus processos e comprometimento com a qualidade e integridade do vinho, como a Vinícola Panceri.